Já que perguntou aos leitores… existe um caráter de luta na tua resposta sobre escrita, e eu não acredito que isso justifique de fato a arte. Cada vez mais acho que a gente escreve porque quer, como queremos e precisamos ocupar o tempo num dia qualquer. Quanto mais se busca um sentido à arte, ou a qualquer atividade inadequada ao capitalismo, menos sentido ela faz. Nada vai durar, poucos de nós serão lembrados mesmo daqui a uma geração. Pouquíssima gente lê. Eu escrevo contra muito do que vejo e costumo dizer que meus contos e livros são ataques ao que odeio no Brasil, mas a maioria dos leitores não deve sentir essa relação direta e minhas histórias nada podem contra o Brasil. Minha cabeça sabe disso, mas não importa, porque quer criar histórias. Além disso, quase todos os livros que nasceram para defender algo não duraram ou perderam esse caráter belicoso com os séculos e resistem exatamente por isso. 🤷🏻♂️
Fala isso para o Victor Hugo que escreveu Os Miseráveis como um manifesto político e é uma das obras mais perenes e adaptadas de todos os tempos!
Inclusive são lindas as cartas que ele troca com amigos onde ele fala do que ele gostaria do papel da igreja através do personagem do bispo myriel.
A gente escreve porque quer, é claro. Eu particularmente não escrevo para matar tempo pq não tenho tempo nenhum. Esvaziar o pq do desejo da escrita tb é uma maneira de se defender da pergunta “pq escrevemos?” e de encarar a honestidade da resposta. ;)
Eu não acredito que esteja esvaziando o pq do desejo da escrita, só quis relativizar nossa racionalização para escrever. Claro que uma série de obras relevantes foram criadas com motivação política forte, mas muitas outras, escritas com extremo zelo político ou religioso, foram esquecidas. Eu questiono a relevância desse fator por isso. Eu escrevo tramas e personagens por viagens políticas da minha cabeça. Isso importa? Tenho minhas dúvidas. Essas dúvidas, para mim, não implicam que escrever (ou escrever por isso) não tenha valor.
E muitas escritas sem motivação também foram esquecidas. A resposta não é geral, única. Ela nasce com cada autor. Eu particularmente acho um privilégio (político!) e um luxo de poucos achar que escrever não serve para nada, que a escrita existe sem contexto do meio onde vivemos, do tempo onde vivemos. Que é algo isolado boiando no vácuo.
Ok, mas não me parece que ninguém defenda mais a existência da escrita no vácuo. Espero que não tenha parecido isso, mas talvez não tenha meu ponto tão claro para me expressar direito nesse espaço de comentários.
todos temos que nos assenhorar de nossas palavras. do contrário, falam por nós ou nos silenciam. e aí já era…
Já que perguntou aos leitores… existe um caráter de luta na tua resposta sobre escrita, e eu não acredito que isso justifique de fato a arte. Cada vez mais acho que a gente escreve porque quer, como queremos e precisamos ocupar o tempo num dia qualquer. Quanto mais se busca um sentido à arte, ou a qualquer atividade inadequada ao capitalismo, menos sentido ela faz. Nada vai durar, poucos de nós serão lembrados mesmo daqui a uma geração. Pouquíssima gente lê. Eu escrevo contra muito do que vejo e costumo dizer que meus contos e livros são ataques ao que odeio no Brasil, mas a maioria dos leitores não deve sentir essa relação direta e minhas histórias nada podem contra o Brasil. Minha cabeça sabe disso, mas não importa, porque quer criar histórias. Além disso, quase todos os livros que nasceram para defender algo não duraram ou perderam esse caráter belicoso com os séculos e resistem exatamente por isso. 🤷🏻♂️
Fala isso para o Victor Hugo que escreveu Os Miseráveis como um manifesto político e é uma das obras mais perenes e adaptadas de todos os tempos!
Inclusive são lindas as cartas que ele troca com amigos onde ele fala do que ele gostaria do papel da igreja através do personagem do bispo myriel.
A gente escreve porque quer, é claro. Eu particularmente não escrevo para matar tempo pq não tenho tempo nenhum. Esvaziar o pq do desejo da escrita tb é uma maneira de se defender da pergunta “pq escrevemos?” e de encarar a honestidade da resposta. ;)
Eu não acredito que esteja esvaziando o pq do desejo da escrita, só quis relativizar nossa racionalização para escrever. Claro que uma série de obras relevantes foram criadas com motivação política forte, mas muitas outras, escritas com extremo zelo político ou religioso, foram esquecidas. Eu questiono a relevância desse fator por isso. Eu escrevo tramas e personagens por viagens políticas da minha cabeça. Isso importa? Tenho minhas dúvidas. Essas dúvidas, para mim, não implicam que escrever (ou escrever por isso) não tenha valor.
E muitas escritas sem motivação também foram esquecidas. A resposta não é geral, única. Ela nasce com cada autor. Eu particularmente acho um privilégio (político!) e um luxo de poucos achar que escrever não serve para nada, que a escrita existe sem contexto do meio onde vivemos, do tempo onde vivemos. Que é algo isolado boiando no vácuo.
Ok, mas não me parece que ninguém defenda mais a existência da escrita no vácuo. Espero que não tenha parecido isso, mas talvez não tenha meu ponto tão claro para me expressar direito nesse espaço de comentários.